domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um domingo

O passado.
Este que a qualquer instante insiste em regressar com o mesmo furor do último rebote sangrento de um tornado qualquer, daqueles, com um ridículo nome feminino, nomeado por algum meteorologista entediado frente às turbulências climáticas descontroladas de mais um verão-acidente.
Chega por meio de janelas desconhecidas, visualizadas ao acaso pelo olho que tudo procura e nada encontra, a não ser a certeza de que o caminho escolhido ainda não o levou as nuvens encantadas, apenas a variações harmônicas do que um dia foi um sonho, e hoje, abismos.
Traz lembranças, remexe feridas, reforça lições, alucinações psicossomáticas de uma vivência baseada num conceito moralista a cerca das relações humanas. Drama? Comédia? Delírio?
Ele, o passado.
O tal que não proporciona abertura para a apreciação de determinadas músicas antigas, muito menos para o prazer de filmes injustamente tidos como insidiosos, pois quando tudo torna-se nublado, a iminência de uma tempestade faz com que permaneçamos ali embaixo da mesa, quietinhos, por prevenção. Ninguém quer ter seu tronco machucado novamente por uma viga mal sustentada que cai com a força do vento mais inesperadamente traiçoeiro. Calosidades.
Com a prateada ponta de uma caneta nanquim, ele derruba suas gotas de tinta na já amaciada malha branca. Por sorte, atualmente os produtos de lavanderia alcançaram níveis tão altos no que tange sua eficácia, que horas depois a malha encontra-se branca novamente e a moderna centrífuga - que não permite nem que a mesma fique por muito tempo no varal para secar - finaliza o incidente.
Até ele passa, o passado.

4 comentários:

  1. Será que passa?
    A tinta-óleo não sai mais..

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  2. Addio, del passato bei sogni ridenti,
    Le rose del volto gia sono pallenti.
    L'amore d'Alfredo perfino mi manca
    Conforto, sostegno dell' anima stanca.

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  3. A tinta nanquim não é como a óleo.

    E digo passar de "passar", dar trégua, não de desaparecer...

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  4. tua verve.um devir intenso brother. não sei como parei aqui. talves uma tag de um filme qualquer. Assisti um filme tepão atras do angelopoulus, chamado paisagem na neblina q me trouxe o justamente o passado concebendo inquietação como afago.simulacro fazendo feitiço com o poder da colagem visual.arrebatador.inquietante.definitvo.
    bacana o blog
    -obs.muito tempo atras conheci Maringa, prometi a mim mesmo que um dia voltaria pra ficar sempre.

    http://blig.ig.com.br/serabenedito/

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